O QUE É E PARA QUE SERVE A CURVA (LINEAR OU LOG)

Todos os potenciômetros também tem uma letra junto com seu valor em ohms. Em instrumentos, elas costumam ser A ou B, mas também podem ser C ou até L. Essa letra discrimina a curva de resistência (taper em inglês), que pode ser logarítmica (A), linear (B ou L) ou logarítmica reversa (C, usada apenas em alguns instrumentos canhotos, também chamada de “anti-log”). Como estamos falando de som, é relevante saber que a curva logarítmica muitas vezes é chamada de “audio”. Já vamos explicar o porquê.

Uma observação importante: por algum tempo os japoneses usaram A e B invertidos, então se for um potenciômetro mais antigo de origem japonesa, fique atento a essa armadilha! Em caso de necessidade, siga as instruções para identificar a curva do potenciômetro com um multímetro simples, vamos colocar esse vídeo lá no nosso canal do Youtube, já assina lá!

A curva da resistência, essa sim só importa quando os controles não estão no máximo nem no mínimo. Isso porque ela determina apenas a evolução da resistência ao se girar o potenciômetro, o começo e o fim dessa curva são sempre os mesmos (resistência zero e resistência máxima). Certos usos requerem que a resistência varie de maneira linear (ou seja, em 50% do giro o potenciômetro varie 50% da resistência), enquanto outras situações funcionam melhor com uma curva logarítmica das mais radicais (ou seja, em 50% do giro o potenciômetro pode variar apenas entre 5% da resistência, deixando todos os 95% restantes concentrados na segunda metade do giro). Explicaremos a seguir que existem várias curvas logarítmicas, colocamos aqui a mais radical porque o contraste ajuda a entender a ideia principal.

Repare na linha pontilhada de 50% do giro do potenciômetro. No gráfico da linear, amarela, metade do giro corresponde a metade da resistência. Já no da logarítmica, roxa, repare como no começo do giro a progressão da resistência é bem lenta (em 50% do giro ainda estamos em 5% da resistência), e no final ela se torna bem rápida e brusca.

É muito importante que você entenda que nem sempre a variação da resistência acompanha a variação da percepção de som, ou seja, uma variação linear de resistência não tem relação com uma variação linear na audição.A primeira explicação para isso é biológica: nossos ouvidos percebem intensidade sonora de uma maneira logarítmica. É por isso que essa curva também é chamada de “audio”, porque todo controle de volume feito da maneira mais simples possível (como é o caso da guitarra passiva) costuma soar melhor com essa curva do que com a curva linear.

Quem já mexeu com curvas de potenciômetros em equipamentos eletrônicos deve ter reparado que uma variação linear e controlada no som muitas vezes exige uma curva bem radical. Parece contra intuitivo, ilógico, mas o que importa aí é onde o potenciômetro se situa no circuito, ou seja, como a resistência dele vai interagir com aquele ponto específico do circuito. Vamos explicar no nosso Guia para Escolher sua Curva de Potenciômetro suas necessidades podem mudar se você costuma usar a guitarra com ou sem distorção. Alguns músicos preferem usar potenciômetro de volume logarítmico na sua guitarra de jazz, por exemplo, e linear na guitarra de rock. A sua percepção da curva do potenciômetro será diferente ao mexer no volume com a distorção ligada.

A título de referência, citamos a seguir alguns exemplos de usos de curvas diferentes em equipamentos bem conhecidos no mundo da guitarra: controles de ganho dos circuitos originais do MXR Distortion+ e do Dallas-Arbiter Fuzz Face precisam ser de curva logarítmica reversa (anti-log, ou C) para dar uma sensação de ajuste mais preciso. Se forem lineares, parecem dar um salto no final do curso, então você perde o ajuste fino naquele trecho do controle. Ou seja, a curva não-linear serve para compensar a reação do circuito à variação de resistência! É essa interação que conta.

Outro exemplo muito conhecido é o controle “Tone” do famoso Ibanez Tube Screamer. Seja TS-808, TS-9, TS-7 ou TS-10, ou qualquer outro circuito que pegue esse controle emprestado dele, o ajuste ideal exige que o potenciômetro tenha uma curva W! Essa curva tem progressão de anti-log até a metade, mas depois muda para logarítmica. Ela é bem mais rara de aparecer e não tem uso em instrumentos tradicionais, mas serve de exemplo sobre como cada circuito pode pedir uma variação de resistência diferente para o controle ideal.

Felizmente para nós, em instrumentos passivos tradicionais as curvas linear (B) e logarítmicas (A) são mais do que suficientes para resolver nossos problemas.

Ao comprar potenciômetros, raramente sabemos o quão íngreme é a curva logarítmica deles, mas os alguns fabricantes oferecem essa informação. Um exemplo é a Bourns, que sinaliza seus potenciômetros como “LOG5”, “LOG10” e assim por diante, indicando a porcentagem de resistência que varia até a metade da rotação. Alguns fabricantes de potenciômetros para instrumentos usam apenas uma mesma curva logarítmica em todos os seus produtos, você pode encontrar essa informação na internet. Além disso, é possível medir a curva dos seus potenciômetros facilmente usando um multímetro dos mais simples e baratos que existem. Estamos preparando um vídeo bem simples didático demonstrando o processo, já assine nosso canal do Youtube e ligue as notificações pra saber quando ele for publicado!

Ilustração de curvas de potenciômetro baseadas no datasheet do modelo CTS 450G.

Potenciômetro Bourns de curva LOG10, com valor de 500k.