A importância vital do captador para o timbre do instrumento é bem simples de entender: TODO o sinal elétrico gerado pelo instrumento começa nos captadores. Eles são essas peças, geralmente em formato retangular com as bordas arredondadas, que ficam no corpo da guitarra logo abaixo das cordas. Ele pode ter vários tamanhos, formatos e aspectos, tais como: polos metálicos expostos, uma capa lisa de plástico ou de metal, parafusos de fenda ou allen visíveis… Todos eles são captadores.

A função do captador é um daqueles lances da tecnologia que parece mágica: ele consegue “sentir” a vibração das cordas e transformar aquilo em eletricidade! Ou seja, ele basicamente converte movimento em eletricidade, o que define dispositivos chamados de transdutores.

Os microfones e os alto-falantes também são transdutores, fazendo pontes entre o universo da eletricidade e o das ondas sonoras, que são movimento de vibração, assim como as cordas do instrumento. Ou seja, microfones e captadores convertem movimento em eletricidade; alto-falantes convertem essa eletricidade em movimento, gerando som ao mover o cone do falante.

 

E faz toda essa magia com basicamente dois elementos bem simples: um ímã e uma bobina de fio enrolado. O ímã pode variar no formato, no posicionamento e no tipo de material, veremos cada um desses detalhes no futuro; já a bobina, pode variar basicamente no formato e na quantidade de voltas do fio (ela também depende de fatores como a espessura do fio, mas aí já é outro nível de detalhe que ficará para depois). O ímã do captador é a razão pela qual as cordas da guitarra precisam ser de um metal ferroso; e também o porquê de cordas de materiais diferentes gerarem timbres diferentes: a interação do ímã com a corda metálica é o princípio de todo o som.

Ou seja, o captador funciona por indução magnética. Uma alteração no campo magnético gera eletricidade, conforme uma lei básica da física chamada Lei de Faraday ou Lei da Indução Magnética. Michael Faraday foi um inglês que nasceu pobre, começou a vida como entregador de jornais e se tornou o genial responsável por muito do que nos rodeia no universo da guitarra elétrica: conceitos básicos de eletricidade, toda a base do eletromagnetismo (que envolve captadores, microfones, alto-falantes, transformadores de amps e de fontes de pedais etc.) e ainda a blindagem contra interferências (presente nos nossos instrumentos, cabos, pedais e amps) que chamamos de Gaiola de Faraday em sua homenagem, isso só ficando na área da física (se formos para o universo da química, ficamos aqui até a semana que vem). Um sujeito inacreditável que todos deveriam conhecer!

Grande parte dos músicos desconhece os captadores que usa porque eles já vieram no seu instrumento (de fábrica ou do dono anterior). Outros, sabem o nome e alguma referência (“é o captador que o meu ídolo usa”, “é o modelo mais popular dessa marca”, “é o que meu amigo nerd de guitarras me indicou”), mas não entendem nenhum dos parâmetros que fazem o captador soar como ele soa. Queremos ajudar você e seus amigos a entender para que possam tomar decisões melhores e encontrar melhor seu caminho sonoro no futuro.

A maioria do que explicaremos a seguir se aplica principalmente a captadores passivos, ou seja, que não necessitam de bateria para seu funcionamento. Captadores ativos funcionam de maneira um pouco diferente em diversos aspectos, portanto precisam ser abordados separadamente.