VALORES DE POTENCIÔMETROS

Seu controle de volume é composto apenas de um potenciômetro, sem associação com outros componentes. Já os controles de “tone” tradicionais, como explicamos anteriormente, usam um capacitor para discriminar a faixa de frequências que eles vão controlar. Na prática, você pode imaginar que eles são iguais ao controle de volume, porém trabalham exclusivamente na faixa dos agudos. A faixa de frequências em que ele vai atuar depende de uma conta simples entre o valor de resistência do potenciômetro e o valor de capacitância do capacitor, esse tipo de filtro simples se chama “filtro RC” (resistência e capacitância). Falaremos detalhadamente disso em um texto futuro, por enquanto tenha em mente que tanto o valor do potenciômetro quanto o valor do capacitor importam para definir essa frequência. Ou seja, a frequência de corte muda tanto ao mexer no potenciômetro quanto ao mexer no capacitor.

O potenciômetro é basicamente uma resistência, que é medida em ohms, usando a letra k minúscula para sinalizar kilo (mil) e a letra M maiúscula para Mega (milhão). Ou seja, 250k são 250.000 ohms, e 2M são 2.000.000 ohms. Potenciômetros com valores de resistência mais altos tendem a dar timbres mais brilhantes (tecnicamente eles elevam a frequência do pico de ressonância do sistema, mas isso explicaremos num texto futuro). É por isso que captadores tipo humbucker, naturalmente com agudos mais velados, costumam ser ligados com potenciômetros de 500k; e captadores tipo single-coil, naturalmente mais brilhantes, costumam levar potenciômetros de 250k. Um instrumento com excesso de graves e falta de agudos pode se beneficiar de um potenciômetro de valor mais alto, assim como um excessivamente brilhante e magro pode soar mais equilibrado com um potenciômetro de valor mais baixo.Isso significa que cada captador precisa ser desenvolvido com um valor de potenciômetro em mente para ter o timbre (resposta de frequências) idealizado pelo criador. Logo, se você comprou um captador avulso, é uma ótima ideia você conferir o que o fabricante recomenda e depois comparar com o que você tem no seu instrumento.

Estes Fender Vintage Noiseless se parecem com singles de strato comuns, certo? Mas se forem instalados numa strato tradicional sem trocar os potenciômetros, você não terá o resultado prometido pelo fabricante.

Exemplos disso: as guitarras de modelo Jaguar costumam ser equipadas com potenciômetros de 1M (ou seja, 1000k ohms) para enfatizar o brilho dos seus captadores (que são bem específicos, vamos falar deles lá no assunto Captadores), assim como alguns modelos de Telecaster seguem a mesma ideia. Já captadores single-coil do tipo noiseless, muitas vezes são associados a potenciômetros de 500k ou até 1M, nesse caso porque eles tendem a ter menos brilho do que um single-coil tradicional, então potenciômetros com resistência maior visam compensar isso. Em outras palavras, eles precisam do valor de 500k ou 1M para aproximar sua resposta de frequências de um single tradicional com 250k.

Se você instalar um captador desses, desenvolvido para potenciômetros de 1M, numa strato tradicional (equipada com potenciômetros de 250k), você terá um timbre bem mais fechado, sem brilho, sem força, muito distante do que o fabricante promete. Ficará pensando que foi enganado, ou que o captador é ruim e não entrega o que deveria. Mas se entender como a coisa funciona, não apenas saberá de antemão que aquele captador é pensado para potenciômetros de 1M, como ainda poderá fazer o raciocínio oposto: instalando um captador agudo em uma guitarra que também tende ao agudo, poderá considerar reduzir o valor do potenciômetro de volume para equilibrar as coisas e achar o seu som. É essa ferramenta que queremos te dar com esse conhecimento, ou seja, a capacidade de entender o que você precisa na parte elétrica do instrumento para tirar o seu som.

É sério, nossos artigos sobre Captadores tão muito legais porque adoramos esse assunto, não esquece de conferir!